Como dito no
Manifesto #1, foi a primeira vez que senti o lema diy (faça você mesmo)
realmente vivo e ativo em mim.
O resultado disso é maravilhoso. E ver as pessoas gostando e
se interessando pela idéia de fazer zine, me estimulou a escrever essa matéria
explicando: como surgiram os primeiros fanzines e qual o processo que faço para
dar vida ao meu querido Manifesto.
Os primeiros zines, diferente do que muitos pensam, surgiram muito antes do movimento punk. Nos E.UA e Europa já eram muito utilizados. Claro que isso vem da necessidade de expressar idéias, sentimentos e tantas outras coisas mais. E só com uma opção alternativa, de investimentos reduzidos isso seria possível: ZINE!

Sniffin’ Glue (Cheirando Cola) é o nome do primeiro Fanzine punk,
datado de setembro de 1976 e produzido por Mark P. O primeiro exemplar sai com
8 paginas e 200 cópias, em xérox.
No numero 10 já é ‘’internacional’’, com 8.000 cópias, se
tornando porta-voz de sua época. No Brasil, quando o punk explodiu por volta
dos anos 80, eles tiveram sua vez, divulgando bandas, shows, e tudo que
acontecia na cena.
Mas não resume somente a musica. Poesia, filosofia, política e
quadrinhos também estão muito presentes. O zine antes de qualquer coisa é algo
pessoal, que você tem a liberdade de colocar tudo que está presente dentro de
você. A parte triste da historia é saber que com a modernização que a internet
nos trouxe, os zines perderam muito espaço para o formato digital, que agora ao
menos é um instrumento de divulgação muito forte. O Manifesto, por exemplo, atualmente
é o único zine com circulação em toda a baixada santista. Espero que esse cenário
mude e mais pessoas façam acontecer.
Eu, que
desde os meus 14 anos estou envolvido nessa contra cultura, tive pouquíssimos zines.
Coisa que seria muito diferente se eu estivesse presente na geração dos anos 80
e 90. E, quando decidi fazer o meu, fiquei perdido; sem saber por onde começar.
É... e por onde começar? Bom, a resposta é simples. Você tem idéias. Comece sem
medo de expô-las, e faça seus textos, desenhos e mensagens. Percebi que faço diferente
do resto do pessoal que usa programas específicos e tals. Como não sabia fazer nada, eu uso
desde paint até photoscape pra editar as imagens, sempre respeitando o padrão do
zine que é 20x12, ou seja, uma folha de papel sulfite dobrada. Imprimo todas as
imagens e textos. Recorto e colo de acordo com o que quero num ‘’zine modelo’’,
que será xerocado frente e verso numa lan house, e dará muito trabalho para as moças
que xerocam o verso ao contrario, às vezes pela metade e se estressam na nossa frente
(tomara que elas não leiam isso).
Depois de terminado,
a sensação de estar com eles em mãos é maravilhosa, e o orgulho sobe as
alturas. O grande lance de produzir um zine é o tanto
que aprendo com isso, desde as entrevistas com as bandas, conhecendo outras ideologias
e lutas e também toda uma pesquisa para produção dos textos. Tudo isso é de
grande importância ate mesmo para minha evolução pessoal e intelectual, pois
sempre tento estar informado, lendo e aprendendo a lidar com esse trabalho.
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