segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Lojinha Punk: No Future Shop


Em menos de um ano do lançamento do Zine Manifesto, depois de diversas entrevistas com bandas e 03 zines lançados, mudei um pouco o rumo das minhas atividades. Ainda irei lançar novos zines, inclusive, a quarta edição, que estava em produção com uma entrevista concretizada, teve que ser interrompida por diversos fatores como a falta de tempo, a impressora quebrada e tantas outras coisas em que me meti. Uma dessas atividades, a principal, foi aprender a estampar camisetas e trabalhar para a realização de um dos meus velhos sonhos de abrir minha própria loja de camisetas e materiais que me identificam. Desde os dezesseis anos, ou antes, lembro-me de ficar criando e imaginando roupas com mensagens e  idéias que eu concordava. A temática continua a mesma da época: Punk, skate, música. Quase 07 anos depois esse sonho está concretizado e adquirindo consistência, mesmo que em pequenos passos. É isso, a lojinha já está no ar há 1 mês, distribuindo materiais de bandas como o Seek Terror e muita coisa feminista, punk, anarquista.

Descrição

A No Future Shop é uma loja de roupas dedicada às subculturas jovens e toda sua área de interesse como: música, esporte e movimentos sociais. Mais do que compra e venda, a NFS tem a necessidade de PROPAGAR a cultura alternativa, apoiando o punk, rap, reggae, feminismo e todo pensamento à margem do status quo. Nossos produtos não são produzidos em determinados segmentos ou modas, e sim em ideais. Surgimos com base no DIY, apoiamos a livre iniciativa. Acima de tudo faça você mesmo.

Acessem: http://www.nofutureshop.com.br/













sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Entrevista - Josh Making Songs


A entrevista da vez é com o trio curitibano Josh Making Songs, que conheci há pouco tempo, mas me impressionou muito com seu primeiro EP, bem gravado e com qualidade que não perde pra nenhuma banda já consolidada no cenário atual. Se você gosta de Mineral, Embrace, Sunny day real estate e Samian, perceberá na primeira música, ''Travis Bickle'' muito desse lance anos 90. Confira a entrevista abaixo e ouça o Ep completo. 

Primeiramente, gostaria de parabenizar a banda pelo excelente som e também perguntar quando e como a banda se formou?

Guga: Valeu, cara! A banda foi formada no começo de 2012 e começou quando a Dosed, antiga banda minha e do Felipe, acabou. Nós três já nos conhecemos há quase 10 anos e sempre conversávamos sobre fazer música juntos, mas até então ainda não tínhamos feito nada. O Lebenyk (que já tocou no Rosie and Me e fazia músicas sozinho no projeto Lacuna Inc) um dia disse que tinha umas músicas na linha "emão 90" pra trabalhar e marcamos um ensaio pra ver o que rolava. Logo de cara a parada funcionou e estamos com a Josh desde então.

Como foi o processo da gravação do primeiro EP do Josh Making Songs? Quais foram as maiores dificuldades?

Guga: A gente já teve banda antes e já tomou muito na cabeça até aqui, então nossa ideia com a Josh era fazer tudo direitinho, mesmo que levasse mais tempo e saísse mais caro. Exatamente por isso, o processo todo levou uns 9 meses entre pré-produção e lançamento virtual. Se formos colocar na conta também o tempo de composição, vai pra um ano e meio de trampo, e isso que ainda estamos correndo com as cópias físicas. HAHAHA As maiores dificuldades acabam sendo conciliar a banda com a vida adulta (emprego, estudo e as outras obrigações) e, é claro, o lado financeiro, ainda mais dividindo todos os custos apenas entre nós três. Não foi fácil, não foi barato e a gente sabe que não vai haver qualquer retorno financeiro, mas o amor pela música fala mais alto.

Já conseguiram perceber um retorno positivo do publico que ouviu o ep ?

Guga: Sim e isso é muito legal! É o que faz sentir que valeu a pena todo o tempo, dinheiro e suor investidos. Estávamos orgulhosos do EP, mas a gente não esperava um feedback tão positivo e tão rápido.

Logo nos primeiros minutos, vocês já mostram uma sonoridade bem marcada pelo emo anos 90, mas quais foram as bandas que influenciaram diretamente o som de vocês?

Guga: A gente gosta muito do "emo de verdade" dos anos 90 e ele com certeza influenciou muito a gente; Samiam, Jawbreaker, Texas is the Reason, Sunny Day Real Estate, Hot Water Music, Mineral, Weezer, Death Cab For Cutie, Jimmy Eat World, At The Drive-In e por aí vai. Mas temos um apego especial pela música do fim dos anos 80 e do começo da década de 1990, daquela fase do shoegaze, do grunge, do college rock e do começo do emo: Dinosaur Jr., Elliott Smith, Sonic Youth, Fugazi, Pixies, Hüsker Dü, Sugar, The Jesus and Mary Chain, Nirvana, Embrace, Smashing Pumpkins, Seaweed, Radiohead... a lista é gigante. HAHAHA E a gente gosta muito também do "revival" do emo que tá rolando na gringa com Balance and Composure, Title Fight, Make do and Mend, Polar Bear Club e tantas outras.

Quais são os planos da banda ? Pensam em lançar mais algum trabalho a curto prazo?

Guga: Agora nossa ideia é tocar por aí, tanto quanto possível. A prioridade é essa, mas já estamos compondo para um futuro disco/ep/split. Não será nada a curto prazo, mas vai rolar som novo em algum momento do ano que vem sim. No mais, pro EP ainda, lançaremos cópias físicas em novembro e talvez role um clipe no começo de 2014, se os nossos bolsos deixarem. HAHAHA

Espaço para deixar mensagem, links de contato e divulgação.

Guga: Muito obrigado a todos que estão parando pra ouvir, baixando, comentando coisas bacanas, mostrando para os amigos, chamando pra tocar e ajudando de alguma maneira! Quem ainda não conhece o som pode conferir e downloadear no nosso bandcamp (joshmakingsongs.bandcamp.com). Para saber mais sobre a gente e ficar por dentro do que está por vir, curtir a nossa página no Facebook é o canal (http://facebook.com/joshmakingsongs). Valeu!


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Entrevista - Bankete de Lixo



Mais underground que nunca! O ZM que começou as atividades com o hardcore de Olinda/PE volta agora para região nordeste, exatamente em Parnaíba, cidade litorânea do estado do Piaui, com a banda Bankete de Lixo que toca um som punk bem cru, influenciado pelo punk nacional dos anos 80. A conversa com o vocalista e baixista David de 21 anos pode abrir a mente do pessoal de outras regiões, mostrando que o punk e a atitude DIY pode romper todas as barreiras. Se liga!

Quando a banda começou e qual é a formação ?

A data da banda é dia 14 de agosto de 2011. Bom, a primeira formação oficial era Joyce, (minha namorada) Vocal, Leandro Guitarra, Isaac bateria. Eu entrei bom tempo depois da banda, por conta da minha namorada, sou David e toco Baixo mas devido a uns problemas de saúde, a nossa vocalista teve de se ausentar e agora ficou eu no vocal e baixo.

Da onde surgiu o nome bankete de lixo? Tem haver com a musica do Raul Seixas?

A banda toda é muito fã de Raulzito, e é uma parada bem ligada a crítica social... é uma coisa que aos olhos da sociedade está sendo comum, pessoas vivendo do lixo, passando por necessidades...

Quais são as influencias ?

Bom... as influencias do Bankete de Lixo vem de muitas bandas clássicas nacionais que dão a cara a bater nas letras e o foda-se o sistema, como: Lixomania, Restos de Nada, Calibre 12 e a GRANDE INFLUENCIA é Cólera.

Como você conheceu e teve contato com a cena punk?

Conheci o Punk quando eu tinha uns 14 ou 15 anos, através de uma namorada da época, só que era mais ligado em uma parada mais musical quando comecei a conhecer.

E os projetos em andamento da banda?

Os projetos da banda é mais divulgação como: montagem de Demos e tals. Estamos com 7 músicas de autoria, queremos fechar pelo menos 10 pra terminar a 1ª demo do Bankete de Lixo.

Como você vê a cena punk/rock daí de Parnaiba? Quais outras bandas existem?

Cara, a Cena Punk em Parnaíba já foi muito forte, ai deu uma fraquejada e agora está voltando a tona! e banda tem uma porrada ai, que está muito em fala na cidade: Inseticida (outro projeto meu), Rebordosa, Aneurisma, Mad Society, tem uma banda que é das antigas, mas ainda hoje é muito falada REPROVA BOY. Desculpem as que estou me esquecendo.

E o coletivo grito punk como funciona?

Eu tive a ideia com alguns amigos de fazer voltar o Grito Punk mas sendo agora o Grito Punk Produções pra poder apoiar todas as bandas da cidade do estado e de estados vizinhos. Não pagamos bandas. Os primeiros eventos do GPP está sendo pra arrecadar dinheiro para aumentar o cafofo de ensaio do núcleo onde surgiu o GPP. Nosso 1º evento veio uma banda de Teresina a Vermez Inuteiz, os caras se tornaram muito amigos da galera aqui... pretendem voltar mais vezes, pois a galera curtiu muito o som deles e eles gostaram muito da cena de Parnaíba.

Conta como foi o show punk que aconteceu em frente a câmara municipal de Parnaíba ..

A banda que tocou foi a Inseticida, tocamos em frente a câmara municipal em uma manifestação contra corrupção, usando a própria energia elétrica da Câmara xingando e lutando pelos nosso direitos, falando a verdade na cara dos corruptos vereadores que ali passavam. Giliard nosso vocalista falou algumas belas verdades para os vereadores presentes; "O espaço é cultural! Teatro também é cultura! Então, se algum dos senhores desejar fazer uso da palavra, podem vir 'brincar' de atores aqui também". E como nada consta em relatos antigos, a Banda Inseticida pode se considerar a 1ª banda de punk a protestar na frente da câmara municipal.

Qual o processo pra criação das letras?

O Bankete escreve o que o Brasil vive e o que o Bankete vê.... ensaiamos na periferia da cidade, e lá encontramos de todo tipo de gente; do marginal, a um trabalhador, e todos eles nos repeitam, pois eles ouvem nossos trabalhos, e sabem que não estamos mentindo no que sentimos, e sabem também que não somos utópicos. Tem história do Leandro (guitarra) que trabalha com construção, e em trabalho, ele pegou um lápis e escreveu a música em um papel de cimento pra não esquecer... pra ver o quanto underground é!

Pra finalizar deixe alguns links do seu trabalho...

Alguns videos das nossas musicas: 



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rattus de volta ao Brasil

A clássica banda de Hardcore/Punk Rattus irá fazer uma tour de comemoração dos 35 anos da banda, pouco né? A última vez que eles tiveram por aqui foi em 2007, há 06 anos atrás. Agora a banda irá fazer 12 shows frenéticos de norte a sul do país, incluindo um show no litoral, Itanhaém. Só jesus of punk sabe quando a banda retorna pra tocar por aqui, então é bom garantir sua presença. Vão perder essa punx ?????????
Seguem as datas, sujeitas a alterações, da tour: 
13/09 - TBA
14/09 - Ferraz de Vasconcelos-SP
15/09 - Estúdio Noise Terror - São Paulo-SP
17/09 - Itanhaém-SP
18/09 - Ceilândia-DF
19/09 - Goiânia-GO
20/09 - Jd. Inga-GO
21/09 - Gama-DF
22/09 - Palmas-TO
26/09 - Cidadão do Mundo - São Caetano-SP
27/09 - Rio de Janeiro-RJ
28/09 - Florianópolis-SC

29/09 - Brasília-DF



Zine online #3



Entrevista com Nenê Altro, textos e resenhas 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dillema assina com o selo Burning London Sounds



A banda de hardcore Dillema/Pe, que concedeu a primeira entrevista ao zine, assinou em abril/2013, com o selo BLS, que também conta com as bandas Pense e Cordoba. Ótima oportunidade para o Dillema expandir seu trabalho para outras regiões, principalmente com o segundo CD já encaminhado. Conheci a banda em 2010, época do antigo Orkut e do recém-lançado 1º CD Expresso Barbárie. Sinto uma grande felicidade de, 03 anos depois, ter a oportunidade de entrevistar a banda e de dar essa grande noticia. Agora é torcer para que venha uma boa tour e que a banda passe cada vez mais sua mensagem a diante.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Resenha: O Diabo Sempre Vem Pra Mais Um Drink



Resenha: O Diabo Sempre Vem Pra Mais Um Drink é o título do segundo livro do Nenê Altro, lançado em 2011 pela teenager in a box de forma independente, e que da sequência final à seu antecessor ''Funerais do Coelho Branco''.

De forma poética, o autor narra uma época de sua vida, ou uma transição, onde ainda lidava com ''poetas'' à ''geminhas moles'', mas sempre consciênte de seu inimigo ''EU''. Essa transição que tantas vezes parece incerta durante a leitura, vai se mostrando em pequenas linhas, e versos, que denotam essa vontade de mudança, e creio que se concretizando ao final do livro e por fim com a sua publicação.

Mais do que claro está a necessidade do autor escrever. Não uma necessidade qualquer, movida à prazos ou interesses. É uma espécie de catarse, libertação de tudo que esta preso dentro de si. Tão libertadora que Gregor Samsa, incapacitado de escrever, sentiria inveja em seu pequeno quarto fechado.

São 55 poemas em quase 100 folhas, dentre os quais destaco: ''Mau Ateu'', ''Hoje Eu Mataria Um Poeta", ''Cão Sem Bolas'' e ''I See the Bad Moon Rising''. Com grandes ilustrações de Felipe Moreno e ainda prefácio do cantor Jair Naves. Para comprar o livro, mande email para:   teenagerinaboxdistro@gmail.com que irá receber todas as informaçôes de como adquiri-lo.
''Para ler, ou se preferir, atirar ao mar''.





sábado, 15 de junho de 2013

Entrevista: Nenê Altro (Dance of Days e Seek Terror)


Muitos leitores desse blog não eram nem nascidos enquanto o entrevistado dessa edição já estava cantando por diversas bandas punks. Só para deixar um pequeno registro, aí vai algumas das principais: Sick Terror, Dance of Days, Mal de Cain, Pesonal Choice, Maldita Minoria e Total Terror Dk. Isso por que deixei algumas, da imensa lista, de fora.
Mais que punk, um incentivador da cena underground no geral, trabalha com zines e selos musicais. O próprio Zine Manifesto surgiu, um pouco, influenciado por isso. No passado, ele produziu o lendário Jornal Antimídia, e atualmente é o Rock do ABC que marca presença. 
O resultado de todo esse trampo não poderia ser diferente, só o DoD já esta na ativa há mais de 15 anos com 10 Cds lançados, 02 Dvds, e um publico mais que fiel à banda.
Entrevistar o Nenê Altro é mais uma conquista para um Zine que começou timido, e em menos de 05 meses, já na terceira edição (especial), colhe os frutos que a atitude DIY rende. Definitivamente quando se tem vontade, as coisas acontecem. Esse é o espirito: a vitória ou coisa que valha!


ZM. 16 anos de estrada com o Dance of Days, muitos CDs e DVDs lançados depois, e finalmente prestes a lançar um novo trabalho, quais as principais mudanças positivas e negativas que você vê nos dias de hoje?

NENÊ ALTRO – Cara, vou te falar que eu curti muito os anos 80, 90 e 2000, mas não sou saudosista, o que tem hoje rolando é muito bom, tem muita banda boa, muita molecada interessada. Acho que o grande inimigo mesmo é esse “senso comum” de que tudo ficou pra trás. Aprendi isso, até mesmo com o Dance of Days, aproveitar o máximo e viver o presente, nem de sombras do passado nem de planos pro futuro.


ZM. Além do Dance of Days, conte um pouco sobre quais são as bandas você esta trabalhando como o Seek Terror e atividades como zines, politica, livros etc.

NENÊ ALTRO – Bom, além do Dance of Days só canto mesmo no Seek Terror, que foi uma história bem esquisita. Eu e o Marcelo criamos a banda em 1999, fizemos todas as letras, todas as músicas, ele saiu em 2002, eu saí em 2004, a banda meio que devia ter terminado, mas tentou seguir um pouco só que virou uma parada completamente diferente e acabou. Aí quando anunciamos o retorno com a formação original, incluindo o batera monstro Sandro Dias, que gravou o Aborto Legal e fez boa parte da turnê do Peste Católica, um outro antigo membro da banda registrou o nome que eu e o Marcelo criamos e nos impediu de usá-lo. No começo foi meio chato, ficamos meio tristes, mas depois resolvemos usar isso como um marco para um novo começo, uma nova banda, até porque já estávamos ensaiando uma parada mais street punk antes de pensarmos em voltar com o Seek Terror, então resolvemos juntar tudo e fazer o som punk que tanto amamos fazer. E fora que podem tirar tudo da gente, menos a criatividade e a verdade de fazer as coisas com o coração. O novo trabalho está um milhão de vezes mais legal que tudo que fizemos no estilo. Quanto a política, eu tentei participar de um coletivo anarquista entre 2010 e 2011, pois faço parte da luta desde o final dos anos 80, mas percebi que uma vez anarco-indivudualista sempre anarco-individualista. Não tenho paciência pra deliberações e condutas em grupo. Se eu quero fazer algo simplesmente vou e faço. E essa é minha maneira de fazer política.


ZM. Sobre o novo CD do DoD, como andam as gravações, tem alguma influencia ou sonoridade que esta sobressaindo? O que pode adiantar para os fãs?

NENÊ ALTRO – Temos cerca de 16 músicas prontas e ensaiadas, acho que vamos escolher umas 14 disso tudo. O som é Dance of Days, acho que não tem mais como falar que parece isso ou aquilo depois de tantos anos. Podemos tentar fazer som 80, punk rock, hardcore, pós-punk, que no final fica sempre com a mesma cara rsrsrs Devemos gravar entre Julho e Agosto de 2013, pelo menos esse é o plano. Mas não estamos com pressa, eu, particularmente, quero fazer um disco bom, independente de gravar logo ou mais pra frente.


ZM. Recentemente a banda teve a saída do guitarrista Tyello. Como a banda reagiu compondo com apenas uma guitarra? Teve muita mudança no som?

 NENÊ ALTRO – Não é nem tão recente mais, em Agosto já faz um ano e ele já está até com outra banda rsrsrs Mas sei lá, toda mudança de estrutura pede uma fase de readaptação. Tivemos que fazer novos arranjos, pois decidimos não colocar outra pessoa no lugar dele e seguirmos em quatro. Eu toco com o Verardi desde antes dele entrar no Dance of Days, de quando criamos o Seek Terror, então sempre soube que ele tinha potencial pra segurar essa responsabilidade. É claro que a sonoridade ficou mais a cara dele, mais punk, crua. Eu estou curtindo muito. E acho que a galera vai gostar bastante do novo disco só com ele.


ZM. O diy no punk é muito conhecido, porem, pouco usado. Eu mesmo penso que apenas conhecia a filosofia, e só há pouco tempo, consegui dar sentido a isso em minha vida. Você acha que o que acontece é receio ou medo de começar algo com as próprias mãos? É preciso romper muitas barreiras pra isso?

NENÊ ALTRO – Faça você mesmo é fazer sem intermediários, da sua maneira, sem esperar nada dos outros ou cair do céu. Não tem acesso a um jornal, faça você mesmo seu zine. Não gosta de nada que escuta, faça você mesmo sua banda. Tem muita gente burra no Brasil que distorceu completamente o sentido do DIY sobre argumentos idiotas que atrasaram muito tudo por aqui, confundindo o faça você mesmo com políticas de subculturas fechadas e sectárias, por exemplo, contra lançar cd MAS a favor de lançar vinil, contra usar tinta pra cabelo MAS usar papel crepom e sabão que é tão industrializado quanto. Coisa idiota que eu até entendo ter rolado nos anos 80 pois não tínhamos internet, nem acesso fácil à informação. Hoje é só burrice mesmo. A questão é que o faça você mesmo é, acima de tudo, uma atitude política, que, aplicado de maneira a você fazer por você o que quer fazer e não depender de nada nem de ninguém remete aos próprios princípios anarquistas e é por isso que ambas as coisas acabaram se agregando ao punk desde o seu início. O que há de ser vencido hoje não é o receio ou a falta de iniciativa, mas sim a apatia. E ela deve ser vencida como um obstáculo da evolução social imposto e mantido como instrumento de controle e dominação pelos que só tem a lucrar com ela.


ZM. Você é um cara que no seu trabalho sempre passou a mensagem de se informar, ler e fazer algo construtivo, isso esta se perdendo? Principalmente em uma referencia pra molecada, sabe? Assim como tivemos o Redson (Cólera). Como você acha que vai ser pra essas novas gerações? Pros jovens pegarem uma letra de musica e sentir que tem alguém dizendo algo diferente..

NENÊ ALTRO – Jamais se perderá. Nunca sabemos demais, sempre é tempo de aprender e crescer. Eu mesmo tive uma mudança recente em meus conceitos de vida que só chegou a mim aos 40 anos de idade e não me envergonho NADA em dizer que só consegui crescer com isso agora, mas digo sim que me orgulho em ter muitos anos pela frente pra crescer mais ainda e descobrir tantas coisas boas em viver com novos prismas. O Cólera mudou minha vida pois é impossível não escutar a primeira palavra cantada pelo Redson em um vinil e não dizer “esse cara canta o que vive, ele canta com o coração”. E foi isso que eu aprendi, nisso que me inspirei pra começar minha primeira banda lá nos anos 80 e sigo assim até hoje. Sabe por que o Dance of Days soa diferente? Porque se você passar um dia ao lado de cada um da banda vai perceber que é isso o que somos, acordamos assim, vivemos assim, não é só um estilo musical. Não importa o quão diferentes nossos discos soam entre si, cada um representa uma fase verdadeira que estávamos vivendo e todos soam o mesmo pois são transparentes. Quando eu escrevo uma música é como um desabafo, não uma fórmula de “quero dizer isso, aquilo e aquela outra coisa”. Muita gente se influencia com isso e eu acho isso sensacional, pois sinto que estou mantendo acesa a mesma chama que me trouxe até aqui.


ZM. A banda já esta há algum tempo com a mesma formação. E vcs parecem muito amigos, como é a relação entre os integrantes depois de tanto tempo de banda e estrada?

NENÊ ALTRO – Somos cada vez mais amigos e estamos cada vez mais juntos. Acho que eu, principalmente, como mencionei acima, após ter vencido uma fase bem complicada de minha vida me permiti deixar aproximar mais ainda de todos eles. E estou achando fantástico.


ZM. Lembro-me de algum texto seu, onde você disse algo como ‘’nunca vi tanta gente louca como no punk, parece hospício’’, não eram bem essas palavras, mas por ai... Um lugar onde é essencial para que as pessoas se encontrem e se aceitem, acaba virando algo muito fechado e intolerante devido a pessoas que querem mais ditar, como ser e o que fazer? Às vezes penso que é excesso em querer se afirmar em algo, mesmo não sendo sincero o espirito dentro da pessoa...

NENÊ ALTRO – O punk é uma coisa muito aberta, o que é muito positivo, mas tem também o lado negativo, pois atinge de maneira igual pessoas que são diferentes, que pensam diferente, que sentem o mundo de maneiras diferentes, de níveis culturais diferentes, de formações de caráter diferentes. Por exemplo, o punk de um moleque que abre a mochila de manhã e coloca seus discos, um livro e vai a um show não é o mesmo punk do moleque que coloca uma faca na bota, um soco inglês no bolso e vai pro mesmo show. As pessoas são diferentes, vivem e querem coisas diferentes. Eu já tentei muito juntar muito todo mundo, hoje estou meio que de saco cheio, trabalho com quem quer trabalhar, junto as pessoas que querem construir ou só curtir em paz e deixo os brigões se matarem entre si com sua loucura idiota e autodestrutiva.


ZM. As suas letras e textos são cheios de referencias à livros e autores, o que você tem lido ultimamente? Quais livros você acha indispensável para os jovens, principalmente, se libertarem das ideias impostas?

NENÊ ALTRO – Bom, no ano passado li bastante coisa do Crimethinc. Depois achei classe média norte americana bancando de miserável demais e parei de ler. Mas tem coisas boas, só que muito não se aplica a uma realidade terceiro-mundista. Max Stirner e Malatesta me ajudaram muito em minha formação, mas hoje me dão um pouco de preguiça. Pra falar a verdade o que eu acho é que você tem que ter muita bagagem cultural, ler de tudo, saber o que está rolando a sua volta, principalmente por mídias alternativas. Acho que o mundo está acorrentado demais a teorias e fórmulas do início do século passado e que algo realmente novo tenha que surgir, pois enquanto se vive de ruminar os mesmos livros e autores o capitalismo se renova em velocidade estonteante. Meu conselho é, acima de ler muito, de aprender muito, de conhecer cada vez mais, que cada um FAÇA a sua própria cultura. Suas ideias, só por serem suas e serem novas já tem muito mais valor em sua vida do que as ideias de pessoas que já viraram vermes, adubo e grama dezenas de vezes.

ZM. Quais os seus planos de vida e trabalho daqui pra frente?

NENÊ ALTRO – Bom, me estabilizei em Santo André, com minha esposa Nicolle, e juntos abrimos um novo selo independente chamado Sacco Records. Também continuarei a lançar meus próprios livros. Tenho um zine local que faço por prazer chamado Rock do ABC. Bandas só pretendo ficar com o Dance of Days e o Seek Terror mesmo. O que vou me dedicar mais é a projetos culturais na região e também ao meu trabalho como produtor musical de bandas independentes, pois sinto que após tantos anos na estrada tenho muito a passar adiante.

ZM. Muito obrigado pela entrevista ao zine, espero que tenha gostado, Nenê. Pra finalizar, gostaria que deixasse alguma mensagem para o os fãs da banda e do seu trabalho em geral. Go Dance Go

NENÊ ALTRO – Eu que agradeço! Espero ver publicada não só em formato online como impresso! Nos últimos anos eu travei uma grande luta interior e muita gente aproveitou de minha necessidade de isolamento para tentar atingir meu trabalho, minha história, minha luta. Minha mensagem nesse início de 2013 é meu muito obrigado aos que realmente me conhecem e acompanham meu trabalho e que não se deixaram atingir pela maldade que há no abismo. Hoje, após quase três anos, muita gente está chegando a mim e se desculpando, falando que foi levada pela euforia, e eu até entendo, pois precisei mesmo me isolar e por isso não podia me defender dos absurdos que falavam de mim e do Dance of Days. Mas agradeço mesmo a quem sempre esteve a meu lado, independente de que o mundo ao redor ardesse em chamas. A esses eu digo, nossa frequência está e sempre estará no ar. Forte e grande é você, fortes e grandes somos nós. Abraços galera.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Entrevista: Teu Pai Já sabe? Queer Punk de Curitiba


Nessa segunda entrevista que faço para o zine, escolhi a banda de queercore (Ramificação ligada a causa gay) TPJS de curitiba. A banda levanta temas como discriminação, homofobia e sexismo, tratados de forma muito bem humorada. Dessa vez a conversa foi com os integrantes Mamá e Felipe.

ZM: A banda surgiu levantando a bandeira do Queercore, que mesmo entre o meio punk libertário ainda não é muito conhecido. O que você acha que contribui para o queer não ser tão divulgado? Há muito preconceito nivelado nisso?

Mamá – André, hoje em dia se fala muito mais nisso sabe? Mas antigamente não. Conheci através de um zine chamado Out Punk, por alguns artigos do bikini kill, e outras bandas que eu fui conhecendo com o punk mesmo. Eu acho, que o fato de não ser tão conhecido no meio punk/hardcore, é que existem alguns preconceitos nele ainda como em todo canto, e muitxs pessoas que se identificam com o punk e são gays, lésbicas, queers num geral, acabam se sentindo um pouco na defensiva em um meio que deveria acolhê-la, entende? Eu mesmo acreditava estar num lugar mais seguro, em um espaço em que eu poderia me sentir confortável, mas não é bem assim que vejo. Então no meu caso, por exemplo, resolvi continuar nele, falando assuntos que precisam ser ouvidos e precisam ganhar visibilidade e respeito. Claro, isso não é um geral. Assim como tudo quanto é canto, existe muita gente legal que vale a pena. Infelizmente muitos irmãos e irmãs abandonam, procuram outros meios que sejam menos discriminatórios, e os façam se sentir melhor. Uma pena, né?

Felipe: Eu não sei. Nunca parei pra pensar sobre isso. Estou tão acostumado a buscar bandas desse gênero que, para mim, é engraçado pensar que exista quem não conheça ou não se interesse por elas. Mas pode ser sim que exista certo preconceito. Também pode ser uma espécie de medo ou desconforto, já que o queer vem questionar um monte de assuntos enraizados e bastante subjetivos, que envolvem gênero, sexualidade, corpos etc. Não deve ser fácil para o homem de cro-mags, que adora treta, questionar tudo isso.

ZM: Como foi a entrada de vocês no punk, e a relação da banda com o straight edge, que infelizmente e erroneamente, é visto como conservador?

Mamá – No meu ponto de vista, até foi bacana no meio que a gente conhece, com os amigos que temos. Mas sabemos que rolou muito bafafá, e comentário desnecessário também. Ok, sabíamos que ia causar tudo isso, mas foda-se, seguimos em frente. Eu era straight edge, hoje, não. Não faz sentido na minha vida, fez durante muitos anos, gostava e acreditava ser algo legal pra mim. Hoje não me identifico por diversos fatores, o que daria um livro aqui hahaha. Você disse tudo ali em cima, é visto como conservador, mas deveria ser bem diferente. Conheço muitxs sxes legais, dedicados, cuidadosos pra não passar essa idéia de conservadorismo, ou puritanismo que muitos mais passam por aí. Eu acho que o que fode é que criaram se várias ramificações, assim como no punk também, e assim cresceu essa onda enorme de sxe cristão, gangue, de tudo quanto é tipo, e isso me desagrada muito.

Felipe: Eu sempre fui dispensado das aulas de Educação Física, por causa de um problema que eu tinha no fêmur direito. Na oitava série, em 95, conheci uma menina que também era dispensada das aulas e ela foi uma espécie de mentora na minha entrada para o rock, vivia me entregando fitas K-7 gravadas com músicas dos Ratos de Porão, L7, Cólera, Garotos Podres, AC/DC e outras bandas. E depois, com o passar do tempo, eu fui me inteirando mais sobre as bandas, as ideias etc. Sobre o Straight Edge, acho que, com exceção do Hugo (baterista), o restante da banda passou um tempo sendo ou se identificando com as ideias dessa corrente. E eu acho que o sxe é como o punk no geral: tem muitas pessoas conservadoras no meio. Mas também tem muita gente bacana e tranquila e é com elas que eu prefiro me relacionar.

ZM: O Primeiro Cd Blasfêmia pouca é bobagem, tem letras muito bem humoradas, e no novo material “Agora sabe”, eu percebo uma mensagem mais direta ainda, com depoimentos sobre preconceito e política, teve algum motivo especial essa mudança?

Mamá – Então, engraçado como isso fluiu muito naturalmente, sabe? Acho que foi a vontade de todo mundo da banda mesmo. Sempre tivemos a idéia de que a banda seria divertida acima de tudo, que fizesse com que as pessoas, nos shows, se divertissem , cantassem juntxs, fizessem parte da banda, e isso acontece de fato, mas esse segundo trabalho eu acabei escrevendo letras mais sérias um pouco, vai ver foi o momento mesmo. E também porque acho que seria necessário escrever de forma um pouco menos engraçada, de repente surge mais efeito.

Felipe: Sim, nós também notamos essa mudança. A gente tentou manter o humor, colocando “Vá de Bike” e “Punk rock também é pra veado” no novo EP, assim como uns gritinhos do Sete Metros. Mas as músicas novas têm um tom menos engraçado mesmo. Não sei explicar a razão disso, mas posso dizer que foi natural, que não sentamos e resolvemos fazer dessa forma. Simplesmente aconteceu assim.

ZM: “Sinta-se a vontade ou não, fazemos parte dessa cena”. A banda incomoda muita gente de senso-comum, na cena?

Mamá – incomoda com certeza hahaha. Mas como diria o Paulo e o Pedro do Solange, to aberta! “se incomoda é porque estamos no caminho certo.”

Felipe: A gente já teve umas intriguinhas, sim, mas acho que todas restritas à Curitiba e a maior parte delas acontecendo apenas na internet. Nem vale a pena gastar energia com isso, em minha opinião.

ZM: Quais são as bandas de queercore na cena atual e quais influenciaram a banda?

Mamá – São tantas bandas, independente de serem queers ou não, muita coisa que gostamos acaba sendo um pouco de “TPJS?” No final das contas. Acho que cada banda que passa pela gente, toca com a gente, acaba influenciando de alguma forma. Cada um de nós escutamos coisas diferentes uns dos outros, acho bacana isso na banda. Acho que um consenso de todxs seria: Anti-Corpos, que vai além de apenas uma banda e sim grandes amigas que fizemos,Limp wrist, Gorilla Biscuits, Sugar Brown, Pansy Division, Rvivr, e por aí vai.

Felipe: Estamos sempre ouvindo algo que tem a ver com o queer, se não declaradamente, pelo menos que possui integrantes queers. Da minha parte, gosto do projeto “novo” dx J.D. Samson (ex-Le Tigre), MEN, que é muito legal. Também AMO uma kudurista angolana e transexual chamada Titica. Além disso, tem a banda Anti-Corpos, que a gente gosta muito não só pela música, mas pelas pessoas que a compõem, e em Goiânia teremos o prazer de tocar com uma rapper travesti que tem abalado geral, a Mademoiselle Lulu Mon'Amour.

ZM: Quais são os planos da banda pra 2013?

Mamá - Agora em março ficará pronto o nosso disquinho novo, em vinil, lançado pela No God No Masters, e queremos tentar tocar bastante depois disso. Vontade não falta, mas o tempo e a distância às vezes atrapalha muito pra que isso aconteça. Hoje eu moro em Maringá, o Hugo e o sete em Curitiba, e o Felipe em Sampa. Vai vendo!

Felipe: Por enquanto, estamos esperando o EP sair da fábrica. Agora, em março, tocaremos em São Paulo (dia 19) e em Brasília, Águas Lindas e Goiânia (feriado da páscoa), e estamos bem empolgados com isso. Depois disso, não sei. Como estamos espalhadas, divididos entre São Paulo, Maringá e Curitiba, fica difícil nos reunirmos para criar mais músicas e até ensaiar, então a gente vai meio que tocando a banda com o nosso ritmo, sem fazer grandes planos. Mas temos muita vontade de tocar no nordeste e adoraríamos que isso acontecesse ainda em 2013.

ZM: Tem algum coletivo, organização ou site sobre a causa que gostariam de passar?


Felipe: http://terrorbicha.tumblr.com http://funkcarioqueer.wordpress.com http://www.facebook.com/pages/Panteras-Rosa/167629923258311 .São esses que vem à cabeça, no momento. Vale a pena dar uma olhada na seleção de bandas que tocarão no festival Queers & Queens, que acontece durante os finais de semana de março, em São Paulo: http://queersandqueens.com.br Lá tem bastante nome legal para pesquisar e ouvir.

ZM: Finalizando... Espaço livre para deixar sua mensagem e os contatos e links da banda.

Mamá – André, muito obrigado mais uma vez por acreditar na gente, espera que tenha ficado do seu agrado. Pessoas apareçam nos shows, ajudem a fortalecer a cena local, dancem, cantem com a gente. Up the queerpunx!!!

Felipe: Quem quiser ouvir as músicas do novo EP do TPJS, pode acessar o nosso Bandcamp em http://teupaijasabe.bandcamp.com. Em breve liberaremos as últimas duas faixas do disquinho. Valeu!




sexta-feira, 1 de março de 2013

POR QUE FANZINE?



Como dito no Manifesto #1, foi a primeira vez que senti o lema diy (faça você mesmo) realmente vivo e ativo em mim. O resultado disso é maravilhoso. E ver as pessoas gostando e se interessando pela idéia de fazer zine, me estimulou a escrever essa matéria explicando: como surgiram os primeiros fanzines e qual o processo que faço para dar vida ao meu querido Manifesto.

Os primeiros zines, diferente do que muitos pensam, surgiram muito antes do movimento punk. Nos E.UA e Europa já eram muito utilizados. Claro que isso vem da necessidade de expressar idéias, sentimentos e tantas outras coisas mais. E só com uma opção alternativa, de investimentos reduzidos isso seria possível: ZINE!


Sniffin’ Glue (Cheirando Cola) é o nome do primeiro Fanzine punk, datado de setembro de 1976 e produzido por Mark P. O primeiro exemplar sai com 8 paginas e 200 cópias, em xérox. No numero 10 já é ‘’internacional’’, com 8.000 cópias, se tornando porta-voz de sua época. No Brasil, quando o punk explodiu por volta dos anos 80, eles tiveram sua vez, divulgando bandas, shows, e tudo que acontecia na cena.

Mas não resume somente a musica. Poesia, filosofia, política e quadrinhos também estão muito presentes. O zine antes de qualquer coisa é algo pessoal, que você tem a liberdade de colocar tudo que está presente dentro de você. A parte triste da historia é saber que com a modernização que a internet nos trouxe, os zines perderam muito espaço para o formato digital, que agora ao menos é um instrumento de divulgação muito forte. O Manifesto, por exemplo, atualmente é o único zine com circulação em toda a baixada santista. Espero que esse cenário mude e mais pessoas façam acontecer.
                                                                            
Eu, que desde os meus 14 anos estou envolvido nessa contra cultura, tive pouquíssimos zines. Coisa que seria muito diferente se eu estivesse presente na geração dos anos 80 e 90. E, quando decidi fazer o meu, fiquei perdido; sem saber por onde começar. É... e por onde começar? Bom, a resposta é simples. Você tem idéias. Comece sem medo de expô-las, e faça seus textos, desenhos e mensagens. Percebi que faço diferente do resto do pessoal que usa programas específicos e tals. Como não sabia fazer nada, eu uso desde paint até photoscape pra editar as imagens, sempre respeitando o padrão do zine que é 20x12, ou seja, uma folha de papel sulfite dobrada. Imprimo todas as imagens e textos. Recorto e colo de acordo com o que quero num ‘’zine modelo’’, que será xerocado frente e verso numa lan house, e dará muito trabalho para as moças que xerocam o verso ao contrario, às vezes pela metade e se estressam na nossa frente (tomara que elas não leiam isso). 


Depois de terminado, a sensação de estar com eles em mãos é maravilhosa, e o orgulho sobe as alturas. O grande lance de produzir um zine é o tanto que aprendo com isso, desde as entrevistas com as bandas, conhecendo outras ideologias e lutas e também toda uma pesquisa para produção dos textos. Tudo isso é de grande importância ate mesmo para minha evolução pessoal e intelectual, pois sempre tento estar informado, lendo e aprendendo a lidar com esse trabalho.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

WebZine - PDF

Para o pessoal que não recebeu o zine, estamos colocando online, em formato pdf, um modelo similar ao original, com todo o conteúdo na íntegra. E já estamos trabalhando pesado, no Zine Manifesto #2, para deixá-lo mais encorpado, com novas entrevistas e matérias.

Baixar:
http://www.mediafire.com/?bgv819b1o3qvweh

Para visualizar o arquivo:
http://www.mediafire.com/view/?bgv819b1o3qvweh

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Entrevista: Dillema/PE


Já na metade do zine, quando pensei em fazer uma entrevista para deixá-lo mais interessante, não deu outra, Dillema foi a primeira banda que veio na cabeça. Depois de alguns contatos via internet com o vocalista Pablo, a entrevista saiu da melhor forma. A banda de Olinda/Pe manda um hardcore numa linha melódica, com letras engajadas e bem positivas. O primeiro CD Expresso Barbárie conta com excelentes musicas como: A Falta, Linha Reta e Super Ação. Eu, como fan assumido, não poderia deixar de recomendar o som desses caras. Segue a entrevista a baixo:
                 

ZM: Primeiramente, como e quando a banda se formou? A proposta sempre foi essa pegada hardcore?

Pablo: A gente é a "evolução" de uma outra banda que tinhamos. Essa primeira banda começou antes de 2004, mas fizemos nosso primeiro show em 2004. Mudamos de cabeça e em 2006 inauguramos a Dillema, com um show realizado aqui em Olinda. Então, a proposta antes não era essa pegada hardcore, era uma vibe meio pop punk. Mas desde que mudamos de ideias, em 2006, quando a Dillema realmente começou, estamos nessa linha.

ZM: Além das melodias, uma grande característica do primeiro CD são as letras altamente politizadas, vc acha que o publico punk/hardcore realmente busca entender as mensagens da banda?

Pablo: Acho que muita gente tenta entender, mas não são todos. Alguns vão só pelo sentimento que o som proporciona. Valorizo as duas formas de curtir a banda, mas a gente tem o trabalho de fazer uma letra pra passar uma mensagem então é bom ter esse canal de comunicação verdadeiramente aberto. Mas como muitas partes das nossas letras são relativamente diretas, então não é muito trabalho tentar entendê-las.

ZM: Outro lance é o sotaque pernambucano que particularmente acho foda. A banda encontrou alguma dificuldade ou preconceito quanto a isso? A musica ‘’Discriminante’’ fala sobre essa parada de xenofobia...

Pablo: Encontramos estranhamento de pessoas de outros estados do Nordeste, que falaram que o hardcore não se enquadra neste sotaque. Discordo completamente, o hardcore é a gente que faz, e se é certa inovação na linha que fazemos com o sotaque natural que coloco, que seja. Não há nada de errado nem feio nisso, no meu ponto de vista.
A música discriminante, (Ouça Aqui), é de uma banda que faz isso também, de hardcore melódico aqui de Pernambuco, chamada Nonada.
Qualquer tipo de xenofobia é repulsão contra os seres humanos que, no fundo, são todos iguais entre si, então não faz o menor sentido. Somos iguais em essência e em status, do ponto de vista conceitual. O status social e as características culturais diferem e isso serve de combustível pra esse tipo de preconceito. Somos só diferentes, não faz sentido achar que somos melhores ou piores.

ZM: Um fator que eu considero predominante na cena de SP é a falta de união, por questão de estilo ou ate mesmo intrigas. Qual a sua opinião sobre a cena do nordeste?

Pablo: Também tem muita falta de união, pelo mesmo tipo de motivo. Mas também falta bastante estrutura, quando comparado a cena do Sudeste. Quando falo estrutura, me refiro ao seguinte: a correria que tá sendo feita no Nordeste atualmente é legal mas ainda está pouca, então, isso termina sendo refletido em questão de os equipamentos de som para os shows não estarem com preços tão acessíveis e não aparecem tantas casas de show disponíveis. Mas um dos principais problemas é realmente a falta de união e o preconceito. Por exemplo, algumas pessoas sentem que uma parte da cena anarcopunk termina por querer segregar a parada. E ainda tem uma outra galera que dá corda pra "produtor" de merda que cobra pra bandas iniciantes tocarem. Isso só atrapalha a onda. Porém, temos que olhar pra o nosso umbigo, sempre, e ver o que estamos fazendo, se estamos buscando a onda pra nós e pra todos, sem preconceitos e sabendo respeitar e cobrando respeito. Queríamos trazer mais bandas de outras partes do Brasil, mas as passagens de avião terminam ficando caras.
No sudeste é legal, pois é um pico que tem bandas muito fodas, nacionalmente, e é tudo pertinho, inclusive perto do Sul. Daí, rola mais facilmente essa integração.
                                                                                                                               
ZM: Quais suas dicas de bandas nordestinas?         

Pablo: Rótulo, Not My Problem, Piron Heron, Born To Freedom, White Myself, Mutação, Nonada, Retroline, NoSkill e Dillema haha.


ZM: Sobre o próximo disco intitulado ''Resistência'', como anda as gravações? Tem alguma previsão de lançamento? Alguma mudança em relação ao ''Expresso Barbárie''? 

Pablo: Haverá mudanças sim. A pegada será mais forte e "moderna", com elementos mais crus e outros mais "rebuscados". Acho que vai ficar legal. Estamos com 5 músicas ensaiadas. Temos que dar continuidade as outras, devemos terminá-las em uns 2 ou 3 meses e depois gravaremos, mixaremos e soltaremos! haha

ZM: Alguma possibilidade de tour pelo sudeste?
                                                           
Pablo: Sim. Faremos de tudo. Não sei se teremos grana pra isso, vai depender de quem puder bancar algo pra gente e dos nossos horários de trabalho e estudo. Fora isso, estaria tudo certo! hahaha Mas faremos de tudo pra isso acontecer logo após o lançamento do disco.

ZM: Pra finalizar, deixe os contatos da banda.                                   
                                                                                                  
Pablo: Tem o nosso facebook: https://www.facebook.com/dillema.pernambuco?fref=ts , tem o oi novo som:  http://oinovosom.com.br/dillema_pe, tem o trama: http://tramavirtual.uol.com.br/dillemape, e tem o myspace: http://www.myspace.com/bandadillema. Qualquer coisa, é só mandar e-mail pra dillemacontato@gmail.com ou pabloodecastro@gmail.com

 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Livro: O que é punk ?






O livro mostra de um jeito claro e completo o modo como movimento punk começou, não apenas com a banda sex pistols, na Inglaterra, mas também com as bandas Bad Religion, Dead Kennedys e Circle Jerks, e como o movimento explodiu e se desenvolveu aqui no Brasil lá pelos anos 80, com bandas como Cólera, Ratos de Porão, Olho Seco...


Ele também fala sobre um marco muito importante na cena punk do Brasil, o festival ''O Começo do Fim do Mundo'', que foi organizado justamente pelo autor do livro, em 1982. O festival contou com a presença de diversas bandas punks brasileiras: Cólera, Decadência Social, Desertores, Dose Brutal, Estado de Coma, Extermínio, Fogo Cruzado, Hino Mortal, Inocentes, Juízo Final, Lixomania, M-19, Negligentes, Neuróticos, Olho Seco, Passeatas, Psykóze, Ratos de Porão, Suburbanos e Ulster.



Alem disso conta a história do primeiro zine ''Sniffing Glue'' (Cheirando Cola), que deu gás ao surgimento de varios zines como meio de divulgação da cena em todo o mundo.
O autor deixa bem claro a sua opinião sobre o punk, onde na sua concepção, é bem mais do que só um estilo musical, é atitude. 

'' Punk, antes de ser música, é uma atitude. É um modo de dizer: NÓS NÃO NOS IMPORTAMOS. Punk  é kamikaze''


domingo, 13 de janeiro de 2013

Documentário: Afro Punk

O documentário conta como jovens negros encontraram seu espaço na cena punk, onde a maioria dos integrantes são brancos.








sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

DO IT YOURSELF!



Essa, sem duvida é a primeira vez que passo o lema ‘’Do It Yourself’’ da zona de conforto e realmente começo a dar sentido a ele em minha vida. Sempre ficava como uma filosofia que eu estava de acordo, mas muito distante ao mesmo tempo. Nunca é tarde, ainda mais quando se tem 22 anos e uma vida cheia de idéias pela frente. E, fazer você mesmo, requer mais concentração, e a cobrança é ainda maior, pois ela vem de você, e não de um chefe cheio da grana exigindo o possível e o impossível para conseguir o tão sonhado lucro. O barato de tudo isso é fazer o que você gosta, como e quando você quiser.
Apesar de ser algo que muitos vêem como ‘’pequeno’’, sem expressão e com uma linguagem coloquial (escrito errado mesmo), um zine pessoal e político é relevante pra caralho, onde a mídia televisiva e impressa é extremamente tendenciosa e conservadora. Claro, não vou atender um publico tão expressivo e muito menos agradar alguém, mas o que me deixa extremamente feliz é fazer por mim mesmo algo, que mesmo sendo ‘’pequeno’’, consiga passar meus pensamentos e ideais e, de quebra, ser uma resistência aos demais veículos de comunicação. Isso é relevante! Não importa que apenas 4 pessoas vão ler e tirar proveito disso, pois antes chegar a 4 pessoas do que guardar minhas idéias e ser mais uma pessoa parada reclamando das coisas pra lá e pra cá.
Muito desse meu afastamento da filosofia diy, foi a espera de conseguir uma banda, e escrever sempre no formato musical. Ainda tenho o sonho de conseguir arranjar um pessoal e quem sabe cantar (ou gritar) minhas revoltas pessoais em musicas de 2 minutos, ou ate mesmo tentar tocar guitarra, com um pouco mais de empenho, pode dar certo. Mas enquanto não rola (aberto a propostas hehe) algo musical, eu não posso ficar parado, e esse zine e blog irão ser os projetos pessoais em foco.
DIY é isso: mais complicado e muito, mas muito mais prazeroso. O resultado de ter feito algo 100% teu é maravilhoso. Da até certo orgulho vê-lo pronto e todo bonitinho no webmanifesto ou no zine. Se eu tinha alguma duvida quanto a lançar algo só meu, agora não resta nada e a mensagem que resta é essa: get up and do it yourself!